(Re)descobrindo a adoção no Brasil trinta anos depois do Estatuto da Criança e do Adolescente

  • Claudia Fonseca Programa de Pós-Graduação em Antropologia Social, Universidade Federal do Rio Grande do Sul
Palavras-chave: Adoção, Acolhimento institucional, Políticas públicas, Proteção da infância, Antropologia da criança e adolescente

Resumo

A base de fontes documentais e entrevistas informais com profissionais com atuação na área, propomos nesse artigo descrever algumas mudanças no campo de adoção de crianças e adolescentes no Brasil ao longo dos últimos trinta anos. Iniciamos por uma observação metodológica: a falta de dados sistemáticos sobre adoção doméstica.  Passamos à consideração de uma ênfase crescente nos últimos anos na adoção pelo Cadastro Nacional de Adoção (em particular de crianças mais velhas) como solução para o número grande de jovens em acolhimento institucional. Sugerimos que avança uma visão pragmática calcada nos direitos individualizados da criança como princípio norteador das políticas de proteção, ao mesmo tempo que recuam os discursos sobre “justiça social” e “reintegração familiar” associados aos primeiros anos do Estatuto da Criança e do Adolescente. Trazemos então os debates em torno de “adoções diretas”, desenvolvendo a hipótese de que, apesar de sua pouca legitimidade e zero visibilidade nos discursos oficiais, elas exercem uma grande influência sobre as práticas de adoção no Brasil.  Terminamos por sublinhar certos silêncios no campo de adoção que dificultam tanto a avaliação de políticas atuais quanto o planejamento de políticas eficazes no futuro.

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Publicado
2019-11-20
Como Citar
Fonseca, C. (2019). (Re)descobrindo a adoção no Brasil trinta anos depois do Estatuto da Criança e do Adolescente. RUNA, Archivo Para Las Ciencias Del Hombre, 40(2), 17-38. https://doi.org/10.34096/runa.v40i2.7110